segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Station 7

Não entendo por que têm de ser sete as maravilhas do mundo. Pessoas amigas, preocupadas com o meu psico, tentam convencer-me de que o número sete é mais importante que os outros. Dizem-me que sete são os dias da semana, os planetas, os graus de perfeição, as cores do arco-íris, os raios do raio do Sol hindu e mimimi, e também não é atoa que é meu numero da sorte, mais isso não importa e nem vem ao caso agora, e também como não sou de conversas mansas, logo lembro que sem o seis não haveria o sete e que para este ser possível necessitamos do zero, neutro e logo do um, do dois, do três e assim sucessivamente. O número um é essencial. Ora, deste ponto de vista talvez fosse mais lógico eleger uma unica maravilha do mundo. Ou melhor, talvez fosse mais lógico não eleger nenhuma pois das sete Maravilhas do Mundo originais só resta uma, as Pirâmides de Gizé. A porca torce o rabo, e a gente troça com a porca, quando as pessoas que pensam estas coisas olham para as Pirâmides na atualidade e não conseguem ver nada de maravilhoso, sentindo então uma enorme frustração, como sinto-o. Quem já esteve nas Pirâmides sabe que o que delas resta é um amontoado de pedras, rodeado de gente miserável a tentar fazer negócio junto de turistas ridículos que pagam para andar dobrados dentro de salas exíguas de onde quase sempre conseguem apenas trazer crises de falta de ar. A atmosfera à volta das Pirâmides também não é aconselhável, com a cidade do Cairo, transformada numa nuvem de gás-óleo queimado e muito ruído, a ameaçar os resquícios de espiritualidade que só gente muito espirituosa ainda logra ali sentir. Perante cenário tão desanimador, sinal explícito da degradação da humanidade, toca de propor alternativas. Só falo daquilo que sei e o que sei é que a Acrópole, em Atenas, é um monte de pedras engessadas onde não resta beleza alguma; o Alhambra, em Granada, ainda mantém uma certa mística, assim tipo a mística benfiquista ou sebastianista ou qualquer cousa que o valha; o Coliseu de Roma só lembra coisas e mais cousas tristes; a Torre Eiffel é um rendilhado de ferro erguido no sentido das nuvens cuja beleza reside unicamente na vista que proporciona sobre Paris. Talvez o Machu Picchu seja mais agradável, mas dizem-me que a unica excelência da cousa lá é mesmo o local onde foi erguida. Pense-se também no Cristo Redentor e na “redentora” paisagem urbana que dali se vê, leva-me às lágrimas. Fico-me por aqui. Quero com isto dizer que o que resta de belo no mundo não tem a mão do homem. Nenhuma criação humana supera a beleza natural de uma selva Amazônica, de um deserto do Sara e mimimi. As sete maravilhas do mundo só poderiam ser, se fôssemos justos, sete maravilhas naturais, pois onde o homem tem metido a mão é invariável a decadência. Felizmente algumas maravilhas naturais ainda mantém, aqui e acolá, a sua beleza original. É bom que preservemos isso, mas pelo o que vejo, o homem se mete em tudo, mesmo, e talvez daqui um tempo estas cousas que nos restam não continuem mais sendo aqueles tais cenários idílicos e lindos de morrer.
'algumas modificações a antologia do esquecimento, talvez fizessem bem.

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