Aequitas

"É pelo vosso ocaso sobretudo, meus pensamentos, escritos e multicores, tenho ainda cores, talvez muitas cores, muitas ternuras multicores e cinqüenta gradações de amarelo e marrom, de verde e vermelho — mas por tudo isso, ninguém saberá adivinhar como me aparecesses em vossa manhã, oh vós! -; centelhas imprevisíveis, prodígios da minha solidão, oh vós meus antigos, adorados, meus maus pensamentos!", acusa-te, não aos deleitáveis tons.

"O mundo ri, o odioso véu cai,
E eis que a luz se casa com a misteriosa,
subjugadora Noite." acusa-te, e aos demasiados hiperbóreos.

esses finais triunfantes em além do bem e do mal por Nietzsche, me fascinam.

Ad salutem

Alimentar a fé e alma de um ser que não crê em nada, a minha, alimentar o povo que não mede esforços, alimentar um bando de desinteressados, alimentar os inúteis, alimentar os fúteis, e aquilo que é útil, os úteis, alimentar os olhos, os gordos, alimentar a sede da mão, do poder, alimentar um correr macio, da futilidade, alimentar a sede de ajudar, dos heróis, dos bons, não dos povos que não esforçam, não interessam, alimentar uma vida boêmia, dos que morrem cedo, alimentar os sons, dos que apreciam, alimentar as letras e os punhos, para todos, alimentar as imagens, dos cinéfilos, alimentar os pensamentos, dos lunáticos, alimentar os elogios, dos que vestem, alimentar os elogios, dos que falam, dos que agem, dos que mudam, alimentar os que comem, e aquelas que não tem o que comer, alimentar as frases feitas, daqueles que repetem, alimentar o tempo, dos que não tem, alimentar o novo e o velho, os que nascem e morrem, alimentar o sexo, da minha fome, alimentar a procura, dos que buscam, alimentar o saber, de todos, alimentar a noite, dos apaixonados, alimentar os sonhos, dos que acreditam, alimentar o amor, de quem sente, alimentar o que é mais forte, que há de vencer, alimentar os toques, de quem gosta, alimentar as significâncias, dos que tocam, alimentar o nunca, que ninguém há de dizer, alimentar o normal, dos anormais, alimentar as brigas, dos que fazem as pazes, alimentar as lembranças, dos que sonham, alimentar as cores, dos que a sentem, alimentar a mentiras, dos sinceros, alimentar a arrogância, dos que estão irônicamente cansados, de todas as pequenas coisas, alimentar a crendice, dos que acreditam em historinhas, já inventadas, das coisas passadas, alimentar os pensamentos novos, dos que acreditam em si, alimentar essa era, que você é livre pra pensar, e é ignorado para agir, alimentar você, ele, e a mim, nem sempre, também. e creio que é em vão, não descrevo-os inteiramente, não digo tudo, ninguém diz, exceto o que desejam, não vejo outro meio de me escapar, nem com qualquer pretexto, que seja, apenas vejo como é imbecil a vida de muitos.