terça-feira, 15 de julho de 2008

Verde-borda

Faço parte dessa lama. Desse ocaso. Desse centro que não é nenhum. Sempre fui à procura das bordas dos furacões. Para depois tentar fugir dali pr´outro furacão. E tentara quantas vezes? E falhara quantas mais? Nada responde esse tempo. Nada responde essa mediocridade, essa hipocrisia. Porque depois de muito tempo, aquelas bordas nubivagas, que nunca encontrei, me ensinaram como eu me auto-flagelava. Coisa que eu sempre fazia, mas não sabia. Ninguém sabe, e todos fazem. Todos querem é fugir da borda, procurar algum sentido de vida, uma ilusão farsante, uma hipocrisia atrás de outra. Eu fui de encontro às bordas, e entretanto não as achei, e em parte dessa busca foi o que me mostrou as coisas que sou. Que sempre fui, e nunca abrira os olhos. Em verdade, sempre quisera furar os olhos para tudo que via. Sempre quisera dizer-se o bom e o justo! Essa coisa medíocre. Essa farsa toda. A borda me mostrara o que sempre achava que não era, mas é o quê todos são. Agora furo, fundo, com duas ou três estacas! Esses olhos cegos, que nunca quiseram ver. Que preferiam ver, em verdade, toda a mentira. Agora corto, loucamente, essas pernas que nunca quiseram correr. Porque agora jaz. E já não quero pular. Nem uma, nem duas vezes. O caminho das bordas já é o suficiente. Tanto quanto para furar os olhos, e então achar a borda, e por si construir outros olhos, e outras pernas, as quais já não procuram mais o ocaso. Porque todos procuram o centro do furacão, a lama verde do ocaso, e não falo para um novo renascer. Falo pela hipocrisia dos homens de acharem-se bons e justos ao odiar toda aquela hipocrisia que dizem não ter, e que dizem não ver em si. Mas os outros! Ah! Que furem os olhos desses farsantes! E que furem os meus também! Porque amo todos esses que nunca criaram nada sobre a verdade, mas sempre supuram tudo em cima de qualquer outra cousa incerta, hipócrita. E porque falo no ocaso de acreditar no que acreditam outros homens. Que ainda se dizem bons e justos. Falo também da ponte que existe por cima do ocaso. A solução de tudo. Porque algum dia alguém entendera que não basta fugir e se iludir. E então terá de mostrar toda a verdade aos outros homens. Sem se julgar bom e justo. E ensinará a todos aqueles, a superarem o âmago da lama. O âmago do ocaso. Ensinará superar tudo e todos, para que tais não se tornem o que combatem. E para então entender, esse alguém terá de matar todos aqueles que não acreditam em si, que não acreditam que são seu Próprio Deus - e de mais ninguém, matará também aqueles que vivem à procura do ocaso - como se tal fosse uma essência. Em verdade, só queria que tivessem me ensinado à não fazer parte dessa lama, desse caos, desse eterno retorno. Que, antes de tudo, tivessem me mostrado as bordas. Para que agora eu já não precisasse correr sem minhas pernas e olhos.

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