segunda-feira, 31 de março de 2008

O querer do próprio desprezo

...Pairava sob o vento frio e as estrelas caídas, enquanto a colina a olhava, estrelas lhe tocavam e a noite orava por qualquer coisa viva, ela se sentava, abria umas páginas, caneta, recortes, todos pedaços de uma vida, em letras imersas de uma ilusão farsante, onde observava a sua própria dor, amargura, frieza, via o sentir de seu coração, pulsar sem jorrar o sangue que corria congelado, queria correr, gritar, amar, odiar, querer, sentir, sentir, sentir! quanto mais observava-se mais tornava-se um oco nada, cada gesto seu refletia em frente a colina, e sentia o querer de viver, o querer de um sentir qualquer, e não o tinha, nem o próprio desprezo, se prendia sempre a um reflexo sob a água do lago no amanhecer, sentia um querer de recomeço, queria correr, e não queria.

3 comentários:

Anônimo disse...

eu amo as coisas que tu escreve.
me perco lendo-os.
<3

Athena disse...

Seu jeito de contar deixa as incertezas tão bonitas. Mesmo quando elas não o são.
:}

Ana Gabi disse...

Querer partindo-se.