quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Alibi

(...) Aquele garoto neurótico, como era chamado pelos ratos, com quem convivia no porão cada dia mais com a mediocridade e as controversas, aquele andar linear, balancear desengonçado, cabeça de balão que só tinha um sonho, aquele lá o de ver a luz. cada dia que se passava ele tinha de conviver ainda mais com a solidão e se alimentar de escuridão com aquela inutilidade toda - que era da sua própria cabeça, da sua própria imaginação - mas ele não tinha o dom de ver, era em razão de glaucoma incorrigível deis de que nascera, mas ele não sabia e nem queria saber o porquê que ele tinha de viver sempre num porão, apenas criava e recriava sua própria melancolia em qualquer lugar, imaginava com sons, desconhecia as cores, pensava com as mãos, imaginava logo tinha de suportar desavenças desnecessárias, ouvia vozes de ratos, eram pessoas que para ele eram ratos, apenas estava em busca daquilo, que sempre quisera, a luz de qual os ratos lhe falavam, ele estava enlouquecendo por uma nostalgia duma cousa que ele jamais vira.

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